domingo, 12 de outubro de 2008

Vistas da Janela

Acho essas duas fotos fantásticas.

Fotos de
Leonardo Melo, Uberlândia MG.
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Sukiaki

Receita Luciana Carneiro, Fotos: Raul Carneiro



O Sukiaki é um prato antigo, datado da era medieval japonesa.

A palavra deriva de Suki, que significa rastelo e Yaki, que significa assar. Isso porque sua origem vem do hábito japonês naquela época de assar batatas doces diretamente no fogo, usando um rastelo para garantir uma cocção uniforme das batatas. Assim eles não precisavam levar para o campo utensílios de cozinha mais pesados.

Com o passar do tempo eles passaram a assar outros legumes e foram agregando mais ingredientes e molhos, já utilizando panelas de ferro em datas festivas onde todos os comensais se serviam da mesma panela.

Para o preparo desse prato, fizemos algumas adequações para nossa realidade, onde retiramos alguns ingredientes mais complicados de serem encontrados em um domingo às 11:30 h (Tofu, Shitake, Moyashi e SaKe) e acrescentamos o hábito de se comer em pratos, cada um com seu talher e se servindo do Sukiaki da panela pelo uso de talher adequado. Assim evitamos riscos de contaminações por hepatite, herpes, bactérias e outras tantas coisas, além de troca indesejada de saliva que deveria existir nessas datas festivas japonesas (eca!).

Um arroz branco também acompanha muito bem o prato.

Para o preparo do Sukiaki é interessante que se use uma panela própria para isso, que tem uma boca mais larga. Deve-se usar colheres de madeira para não riscar a panela. Você pode encontrar esse tipo de panela e colher muito facilmente em mercados onde existam lojas japonesas ou mesmo na internet, mercado livre, por exemplo.
Vamos então à receita:


√ 30 g de manteiga;
√ 200 g de filé mignon fatiado em tiras;
√ Legumes em tiras ou picados (acelga, cenoura, pimentão, vagem, couve-flor e brócolis;
√ Molho para Sukiaki. Nós usamos um molho para Yakissoba da Sakura, comum em todo supermercado e que não é shoyu;
√ Uma cebola picada.


Esquente a manteiga em fogo brando e, quando quente, acrescente a cebola e deixe dourar.

Depois, aumente o fogo e acrescente a carne fatiada (temperada previamente com um pouco de sal) e deixe fritar. Acrescente então os legumes e vá mexendo com o auxílio de duas colheres.

Após alguns minutos, coloque o molho a seu gosto com um pouco d’água. Mexa bem e tampe a panela. Aguarde uns 15 minutos, mexa novamente e sirva acompanhado de arroz branco.




Um prato fácil de fazer, gostoso e que sempre agrada!

Bom apetite. Raul.

Fez a receita? Então poste um comentário por favor.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A morte da bezerra

Por Raul Carneiro

- Tão bonitinha..., pensou Bebel sobre a bezerrinha da raça holandesa, de pelagem preta e branca, com registro, foto e tudo mais, enquanto apoiava a cabeça, voltada para o lado de fora da janela da sala de aula, dispersa.

Suspirou, com o olhar perdido no horizonte. Pensou na sorte de seu irmão, que ganhou a bezerrinha do fazendeiro que vendeu um grande lote de vacas holandesas para seu pai.

Somente o pai e a mãe de Bebel viajaram para fazer a compra das vacas, apesar da insistência dos filhos em acompanhá-los na viagem. Voltaram com 40 belas vacas leiteiras e uma linda bezerra, vindas do sul de Minas. Seu Honório, que vendeu o gado, ao saber do pedido do filho do comprador, que disse veementemente: - papai, traga bezerrinhas! Comoveu-se e acrescentou ao lote vendido uma bezerra registrada como presente ao menino.

- Papai podia ter trazido mais bezerrinhas. Eu queria tanto uma... tadinha dela..., pensava Bebel com olhar ainda perdido janela afora.

A bezerra, que chegou em épocas de chuvas de verão, foi colocada imediatamente com os outros bezerros no bezerreiro.

Era uma época complicada, pois animais de raças puras, especialmente recém chegados à fazenda, reunidos no bezerreiro e com chuva desabando do céu todos os dias, ficavam susceptíveis às diarréias, infecções e demais doenças comuns em bezerros aglomerados e sob forte umidade. O animalzinho adoeceu nos primeiros dias e morreu. Bebel lembrava de seu irmão que ficou chateado, pois seria sua primeira vaca!

E Bebel pensava na bezerra, pensava no seu irmão, pensava na bezerra, pensava no seu irmão. Quando a professora interrompeu o pensamento em pingue pongue com um grito lá da frente da sala:

- Ô Bebel! Preste atenção na aula! Por acaso você está pensando na morte da bezerra?

E Bebel, num gesto quase que imediato, balançando com os ombros e sem sequer imaginar como a professora poderia saber o que ela tanto pensava para não estar participando da aula, responde inocentemente:

- Eu não. A bezerra nem era minha. Era do meu irmão mesmo...
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Gostou? Então comente.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Linguine Geográfico Pura Erva

Fotos e receita: Raul Carneiro
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- Quer alguma coisa de lá?


Essa é uma pergunta de amigos e parentes quando vão viajar e que sempre tenho a resposta:


- Se achar tempero diferente por lá, pode trazer, por favor!


E assim o antigo armarinho de madeira, hoje em destaque na minha cozinha, mas que já foi armário de vidrarias e medicamentos de meu bisavô, farmacêutico, do consultório de meu avô, médico, com seus remédios e seringas de vidro, da fazenda Carneirinho de meu pai, com agulhas seringas, medicamentos veterinários e pequenas peças de ordenha mecânica, foi se tornando uma coletânea de alquimias, repleto de ervas, azeites, vinagres, massalas, mostardas, molhos e muitos outros temperos de todos os lugares, exalando sempre um aroma muito bom.


Quando resolvi raptá-lo aqui pra casa e retirar a tinta branca para deixá-lo somente na cor original de madeira amarelada, pude perceber e imaginar em cada camada de tinta branca, amarela, cinza, azulada e nas partes repostas com outros tipos de madeira ao longo de tantas décadas, de quantas histórias mais esse móvel já não participou. Mas vamos aos temperos, que são o objetivo deste post!


Abri a geladeira e nada que fosse compatível com a fome noturna. Foi então que me deparei com o restante do Linguine da última receita postada aqui (se você fez o prato e seguiu à risca a recomendação dos 200 gramas, com certeza também tem os outros 300 gramas). Resolvi então prepará-lo de forma a remexer na origem de alguns dos temperos e fazer um prato multi-sensorial!


Abro o armário e vou escolhendo: tomate seco com alho e ervas desidratados de um mercadinho em Wormeveer, Holanda, um mix de parmezão, noz moscada, cravo, canela e pimenta de algum outro lugar da Holanda, azeite de Tárrega, Espanha, que pus para curtir com ervas de Provence de Montpelier, França, pimentas de Tupaciguara, MG, alecrim de Sertãozinho, SP, manjericão e tomilho do mercado central de Belo Horizonte, MG. Ainda retiro do armarinho a mostarda em grão do mercadão de Ribeirão (rimou),SP, e um sal grosso que aprendi a temperar e moer em uma loja polinésica em Hamiltom, Nova Zelândia. Ervas misturadas com muita geografia!


Misturo o linguine al dente às especiarias extraídas do velho armarinho, acrescento variedades roxa e verde de manjericão, hortelã e alecrim , todos frescos do jardim (rimou de novo, e não foi proposital!), uma mesa bem posta e voilà! Nasce o prato “Linguine Geográfico Pura Erva”. Pronto. Devidamente batizado, encerrando-se a breve história dos 300 gramas restantes de linguine da última receita que fiz ao alho, com um delicioso filé grelhado de miolo de alcatra (interessou? Procure no blog que você encontra a receita também.).


Um prato para aguçar os sentidos da visão, olfato e paladar, bem como a imaginação sobre as infinitas possibilidades de se temperar mundo afora! Ficou muito saboroso, posso garantir. Agora use a sua imaginação e crie o seu!


Fez a receita? Então poste um comentário, por favor.


Bom apetite, Raul.

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