- Quer alguma coisa de lá?
Essa é uma pergunta de amigos e parentes quando vão viajar e que sempre tenho a resposta:
- Se achar tempero diferente por lá, pode trazer, por favor!
E assim o antigo armarinho de madeira, hoje em destaque na minha cozinha, mas que já foi armário de vidrarias e medicamentos de meu bisavô, farmacêutico, do consultório de meu avô, médico, com seus remédios e seringas de vidro, da fazenda Carneirinho de meu pai, com agulhas seringas, medicamentos veterinários e pequenas peças de ordenha mecânica, foi se tornando uma coletânea de alquimias, repleto de ervas, azeites, vinagres, massalas, mostardas, molhos e muitos outros temperos de todos os lugares, exalando sempre um aroma muito bom.
Quando resolvi raptá-lo aqui pra casa e retirar a tinta branca para deixá-lo somente na cor original de madeira amarelada, pude perceber e imaginar em cada camada de tinta branca, amarela, cinza, azulada e nas partes repostas com outros tipos de madeira ao longo de tantas décadas, de quantas histórias mais esse móvel já não participou. Mas vamos aos temperos, que são o objetivo deste post!
Abri a geladeira e nada que fosse compatível com a fome noturna. Foi então que me deparei com o restante do Linguine da última receita postada aqui (se você fez o prato e seguiu à risca a recomendação dos 200 gramas, com certeza também tem os outros 300 gramas). Resolvi então prepará-lo de forma a remexer na origem de alguns dos temperos e fazer um prato multi-sensorial!
Abro o armário e vou escolhendo: tomate seco com alho e ervas desidratados de um mercadinho em Wormeveer, Holanda, um mix de parmezão, noz moscada, cravo, canela e pimenta de algum outro lugar da Holanda, azeite de Tárrega, Espanha, que pus para curtir com ervas de Provence de Montpelier, França, pimentas de Tupaciguara, MG, alecrim de Sertãozinho, SP, manjericão e tomilho do mercado central de Belo Horizonte, MG. Ainda retiro do armarinho a mostarda em grão do mercadão de Ribeirão (rimou),SP, e um sal grosso que aprendi a temperar e moer em uma loja polinésica em Hamiltom, Nova Zelândia. Ervas misturadas com muita geografia!
Misturo o linguine al dente às especiarias extraídas do velho armarinho, acrescento variedades roxa e verde de manjericão, hortelã e alecrim , todos frescos do jardim (rimou de novo, e não foi proposital!), uma mesa bem posta e voilà! Nasce o prato “Linguine Geográfico Pura Erva”. Pronto. Devidamente batizado, encerrando-se a breve história dos 300 gramas restantes de linguine da última receita que fiz ao alho, com um delicioso filé grelhado de miolo de alcatra (interessou? Procure no blog que você encontra a receita também.).
Um prato para aguçar os sentidos da visão, olfato e paladar, bem como a imaginação sobre as infinitas possibilidades de se temperar mundo afora! Ficou muito saboroso, posso garantir. Agora use a sua imaginação e crie o seu!
Fez a receita? Então poste um comentário, por favor.
Bom apetite, Raul.
Posta uma foto do armarinho!!!!
ResponderExcluirprovei e adorei...
ResponderExcluirQue divertido o Blog! E tb quero conhecer o armarinho histórico, como Leandra! Coloca uma foto dele, Raul!
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